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O Mercosul está a caminho do fracasso

mercosul

Especialistas enxergam futuro difícil para o bloco antes festejado

Marina Costa e Pedro Neves

Criado em 1991, a partir do Tratado de Assunção, o Mercosul tinha objetivos unicamente econômicos. Contemplava basicamente a abertura comercial, a regulamentação do comércio de bens com as nações externas e planejava a padronização dos parâmetros para fixar taxas de juros, câmbio e definir políticas fiscais. Após 13 anos de seu surgimento, o bloco fugiu do rumo inicial: prevaleceram questões políticas/ ideológicas sobre a realidade econômica.

Os resultados do Mercosul começaram excepcionais, principalmente na relação bilateral entre Argentina e Brasil (com as trocas comerciais chegando a 20% do comércio entre os países). Contudo, a fragilidade do bloco ficou evidente a partir da crise do Real de 1999, já que foi a primeira vez que os reflexos da má fase econômica de um país membro foi sentido em todos os outros. A crise econômica argentina no ano seguinte agravou ainda mais a situação e o futuro da integração econômica passou rapidamente do sucesso para incerteza.

Após os dois grandes testes de sobrevivência, mudanças radicais foram feitas na agenda inicial. “O Mercosul avançou, mas não na direção esperada. Em vez de avançar no comércio, avançou em questões políticas e de direitos humanos. E seguiu o caminho do fracasso. ”, afirma o professor de Relações Internacionais da Universidade de San Andres, Federiko Merke.

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Estudiosos e especialistas tentam traçar um futuro para o bloco, alegando que existem dois caminhos a serem seguidos. O primeiro é continuar avançando, mesmo não sendo na direção inicial. O segundo esbarra nas divergências políticas entre os dois principais membros do Mercosul, Brasil e a Argentina.

Contradições entre Brasil e Argentina atrapalham

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Empresários, principalmente em São Paulo, conectados com a FIESP (Federação da Indústria de São Paulo), tem uma visão negativa. Consideram o Mercosul um peso para o Brasil por reduzir a competitividade do nosso país. Referem-se a, por exemplo, o desejo brasileiro de firmar acordos de livre-comércio com a União Européia, o que a Argentina não aceita. Para esses interlocutores, a solução seria retroceder para uma aliança apenas com a finalidade de eliminar ou diminuir as barreiras alfandegárias entre os países. Assim, o Brasil não dependeria da aprovação de todos os Estados membros para negociar com outras nações.

Na Argentina, a opinião é completamente oposta. Segundo pesquisa realizada pelo CARI (Centro Argentino de Relações Internacionais), os empresários e políticos argentinos, em sua maioria, apóiam a continuação do Mercosul. “Os políticos amam o bloco, acham fantástico, vêem problemas, mas afirmam que existe solução, não cai bem falar mal do Mercosul”, conta Merke. E continua: “Os problemas entre os dois países são devidos à situação econômica. Quando esta melhorar o bloco melhora. O Brasil tem alternativas de comércio, a Argentina não, ela depende muito mais do bloco que o Brasil”.

A Unasul não demonstrou ser uma solução

Foto-4-300x200De acordo com o professor Merke, o Mercosul, no cenário atual, não tem futuro. Projetos de integração da América Latina como já foram tentados com a ALALC (Associação Latino-Americano de Livre Comércio) e ALADI (Associação Latino-Americana de Integração) morreram ou foram abandonados. Para ele, nenhum Estado Nacional vai reconhecer o fiasco ou outra organização mais forte vai aparecer para substituir o Mercosul. A Unasul (União das Nações Sul-Americanas) tentou ser a solução, mas não contempla o livre-comércio, limita-se as relações políticas.

Imaginar um desfecho e fazer previsões sobre o bloco é algo incerto. É inegável que avanços e conquistas aconteceram, mas as crises econômicas, mudanças de partidos no governo e perda de foco influenciaram muito no insucesso do projeto que um dia almejava ser uma União Européia.

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