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Conselhos para jornalistas que trabalham em grandes projetos colaborativos

Incêndios florestais devastaram a Indonésia em 2015. O incêndios e a neblina concomitante foram um desastre ambiental, econômico e de saúde pública para a região.

O jornalista de dados Jacopo Ottaviani, bolsista Knight do ICFJ, viajou para o sudeste asiático com o cineasta Isacco Chiaf para observar as consequências dos incêndios. Seu projeto multimídia “Lungs of the Earth” [Pulmões da Terra] de 2016 destaca as ameaças ao meio ambiente na região e o que os ambientalistas estão fazendo para proteger as florestas locais e animais selvagens.

Em entrevista à IJNet, Ottaviani falou sobre o processo de criação dos diferentes componentes dos projeto, bem como dicas para jornalistas interessados em trabalhar em projetos colaborativos de formato longo.

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IJNet: De onde veio a ideia para este projeto?

Ottaviani: Florestas é um tema quente hoje em dia porque estamos passando por mudanças climáticas, e as florestas, assim como os oceanos, são cruciais para combatê-la. Passei os últimos três anos fazendo reportagens ambientais, entre outras coisas, e o projeto veio depois desse interesse no meio ambiente. Esse ano tivemos a COP22 em Marrakech, de modo que a mudança climática esteve no centro do debate público em muitas partes do mundo. Em 2015 houve um enorme incêndio que acabou com milhões de hectares de floresta na Indonésia, por isso decidimos ir lá e explorar o terreno. A ideia veio da combinação desses contextos.

Fale um pouco sobre os componentes específicos do projeto. São quatro seções diferentes, cada uma lidando com uma faceta diferente do ambientalismo na região.

“Lungs of the Earth” começou com a ideia de cobrir soluções e problemas. Mostramos como a tecnologia pode ser usada e desenvolvida para proteger as florestas. A abordagem construtiva é integrada em todo o formato longo, bem como elementos explicativos, tais como visualizações de dados que permitem aos leitores entender o tema a partir de uma perspectiva global. As visualizações de dados não são apenas sobre a Indonésia e Malásia, mas sobre o mundo.

Quais foram alguns dos desafios do projeto?

Conectar dados com a realidade é sempre um desafio. A ideia é contar histórias humanas para desencadear um impacto emocional em pessoas que estão consumindo suas visualizações de dados. Eu sou um jornalista de dados e estou plenamente consciente de que a pura visualização de dados sem um elemento humano realmente não funciona. É por isso que decidimos passar uma quantidade relativamente grande de tempo no campo e dar um espaço tão grande para colocar nossos vídeos no centro.

Sabemos que muitas vezes as pessoas não têm tempo para assistir a um vídeo de 20 minutos, por isso minimizamos a duração de nossos vídeos e construímos esse formato que pode ser distribuído em vários idiomas em várias mídias. Também pode ser visto como uma estrutura modular que pode ser pacotada e reenpacotada como uma série de histórias ou formato longo. Por exemplo, na Itália, o projeto foi publicado pela Internazionale em duas formas: série semanal de episódios independentes e, finalmente, em um formato longo interativo.

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Enquanto “Lungs of the Earth” foi produzido por uma equipe relativamente pequena, muitos de seus projetos foram produzidos por grandes equipes transfronteiriças. Quais são os pontos fortes e fracos do trabalho em um grupo colaborativo transfronteiriço como este?

O lado positivo é que você está combinando vários conhecimentos e várias habilidades. O [desafio] vem do ponto de vista da coordenação. É bastante complicado gerenciar uma equipe de 10 pessoas ou cinco ou sete pessoas de vários fusos horários.

Ter um líder é muito importante, mesmo quando a equipe é pequena. Você se expõe a muitas coisas, então precisa deixar bem claro quem é responsável pelo quê. É bom ter uma estrutura clara e definir as áreas de responsabilidade, tanto em equipes pequenas como esta onde já nos conhecemos e sabemos como trabalhar em conjunto e para novos projetos com 10 a 15 membros.

Você tem algum conselho para jornalistas que pretendem trabalhar nessas matérias colaborativas de longa duração?

Eles devem tentar desenvolver uma variedade de habilidades. O jornalista puro que só escreve ou o fotógrafo puro que só tira fotos está se tornando uma raridade. Como esses projetos são multidisciplinares, eles exigem jornalistas, mas também [habilidades de] cinema, design, programação, dados, gerenciamento de projetos, por isso é bom para um jornalista expandir seu conjunto de habilidades de uma forma que possa cobrir o maior número de papéis possível.

Expandindo isso, como você sugere que os jornalistas diversifiquem suas habilidades?

Há tantos cursos gratuitos online, e as conferências costumam fazer upload de seus materiais de oficina online. Acho que agora com a internet temos acesso a tudo, então eu sugiro ir online e encontrar materiais como o Data Journalism Handbook ou o Verification Handbook publicado pelo European Journalism Center se quiser saber mais sobre verificação.

Você tem algum plano para continuar com o projeto?

A ideia é que um dia este projeto cubra todas as florestas tropicais do mundo, especialmente a Bacia do Congo e a Amazônia, incluindo a Amazônia colombiana e peruana. Nós basicamente construímos uma infraestrutura que pode abraçar novas histórias e pretendemos ir para o campo novamente e conectar as novas histórias na plataforma.

Imagem principal sob licença CC no Flickr via fdecomite. Segunda imagem sob licença CC no Flickr via CIFOR

Fonte: IJNet

Por: Auguste Yung

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