Sábado também é dia de IX Jornalismo sem Fronteiras. O compromisso diário estava marcado para…
O primeiro “buenos días”
Julho começou exatamente de acordo com sua estação: os termômetros marcando 5 graus e os corpos sentindo 3. Buenos Aires amanhece fria, dá adeus às chuvas dos dias anteriores e o céu acorda em um degrade azul e laranja tão lindo que compensa ter acordado às 5h da manhã para trabalhar.
Jornalistas brasileiros encontram-se com argentinos para o primeiro dia da imersão de Correspondente Internacional do Jornalismo Sem Fronteiras e a tal rivalidade entre os vizinhos se desfaz no primeiro “buenos días”. A curiosidade com o idioma e a cultura se sobressaem e a sala, que antes estava vazia, se preenche de perguntas, portunhol e risadas.
O primeiro desafio a enfrentar é conhecer e trabalhar com pessoas diferentes. A dinâmica no início do dia trouxe a reflexão coletiva sobre nossas facilidades jornalísticas e, claro, o que gostaríamos de desenvolver. Esportes, timidez e bons textos foram as características que mais apareceram ao longo do bate-papo que “ajudou com o idioma e com a timidez, tornando mais tranquila a relação e o desenrolar do restante do dia”, pela percepção da Letícia.
Onze jornalistas. Dois idiomas. Milhares de experiências. Dez dias.
Todos reunidos com o mesmo propósito: sentir na pele o que é ser um correspondente. As discussões permearam o conceito de jornalismo, a definição de um correspondente internacional e o trabalho que será feito durante essa semana.
Logo no primeiro dia foi possível perceber o quanto nossas diferenças são complementares. Não apenas as diferenças culturais dos dois países, mas também as habilidades e experiências anteriores de cada um. Uma mistura que tem tudo para dar certo.
Depois de um pouco mais de três horas de muita conversa e troca entre os participantes, os estômagos venceram a batalha e nos fizeram parar para almoçar no pequeno intervalo entre nossa conversa e a visita ao jornal argentino La Nación. Infelizmente (felizmente, para os que pensam como eu), esse “break” só nos deu tempo de comer um pancho (ou dois…).
Foram mais de dez quarteirões caminhando e sentindo os 4 graus prometidos pela previsão do tempo até chegar na redação do La Nación, um dos jornais mais respeitados da Argentina. Não é para menos, já que, segundo a Sofia, eles estão sempre se adaptando às novas plataformas (audiovisuais) e reservando uma parte da equipe exclusivamente para obter um resultado excelente neste âmbito.
Realmente, a redação se destaca em questão de tamanho e exigência. É nítido, em sua estrutura e no pouco que ouvimos de suas reflexões e estratégias internas, que é um jornal preocupado com o leitor e que coloca como meta veículos internacionais ainda maiores, buscando ser sempre melhor e mais atualizado para acompanhar as mudanças do mundo.
O jornal, que sempre teve como princípio o texto e o papel, integra-se com o mundo digital e audiovisual, compreendendo as demandas e os diferentes usos de cada plataforma. É um trabalho árduo de estudo de público, criação, edição e, principalmente, análise dos tipos de conteúdo adequados para cada rede. Tivemos a honra de ver um spoiler do que está por vir no canal do jornal no Youtube e posso adiantar que o material ficou sen-sa-ci-o-nal!
O desespero tomou conta dos brasileiros quando começou a reunião de capa do jornal. O idioma não tinha sido um grande susto até o momento em que a chefe de redação começou a chamar os nomes dos chefes de editoria. Não sei dizer qual dos editores explicou mais rapidamente suas matérias para definirem quais (e em que posição) iriam para a capa da edição impressa do dia seguinte. Todos muito concentrados e dominando cada um dos assuntos em pauta, a reunião durou menos de 35 minutos e saíram da sala acompanhados pela editora de diagramação, que já estava com a capa toda rascunhada.
O relógio marcava mais de 17h quando chegamos ao apartamento, onde conversamos sobre o dia e fizemos um brainstorming das pautas a serem apuradas nos 7 dias que nos restam nas terras portenhas. O cansaço da correria do dia não foi o suficiente para abaixar a adrenalina e a empolgação dos participantes, que contaram um pouco sobre os aprendizados do dia. Mas, essa parte, vou deixar para que eles mesmo relatem… Boa leitura!
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