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Aplicativo Salama ajuda a manter jornalistas seguros

Do México ao Iraque aos Estados Unidos, jornalistas do mundo todo enfrentam diariamente graves ameaças à sua segurança física e digital. Por essa razão, criei um aplicativo gratuito de avaliação de riscos chamado Salama, projetado especialmente para ajudar a manter jornalistas e blogueiros seguros no trabalho.

Jornalistas de mais de 130 organizações jornalísticas da América Latina, Estados Unidos, África e Oriente Médio realizaram sua primeira avaliação de risco usando Salama. Entre os meios de comunicação que identificaram e fecharam buracos críticos de segurança como Salama estão El Universal do México, Aristegui Noticias e El Noroeste de Culiacán, bem como o Pacifista-Vice da Colômbia.

Jornalistas devem estar vigilantes

A violência contra jornalistas atingiu níveis recordes nos últimos anos. No México, por exemplo, o número de jornalistas mortos dobrou de sete mortes em 2015 para 14 em 2016, de acordo com o mapa online do Jornalistas em Risco. Na maioria desses casos, prevalece a impunidade, pois a falta de treinamento e financiamento afeta negativamente muitas das organizações governamentais e privadas que tentam proteger os jornalistas em risco.

Nessas condições, a única opção que resta para os jornalistas é tentar evitar que grandes ameaças se materializem através da compreensão e mitigação de seus riscos.

“Eu não sabia que poderíamos avaliar o risco quando estamos trabalhando”, disse Carlos Alberto Coria, um jornalista freelance com base em Chihuahua, sobre sua experiência usando Salama. Coria participou de um seminário de segurança que organizei como bolsista Knight do ICFJ em Ciudad Juarez, no México, em setembro de 2016. Embora a violência na área tenha diminuído acentuadamente, um jornalista foi morto lá no último mês de dezembro.

Ao longo dos anos, aprendemos que, como jornalistas, precisamos realizar avaliações periódicas de risco para saber dos perigos e ameaças que enfrentamos todos os dias. Não só precisamos de uma compreensão profunda da natureza de cada ameaça, mas precisamos também entender nossos própros pontos fortes e fracos. A avaliação de risco pode não ser suficiente para impedir todas as ameaças, mas é a melhor maneira de mitigar seu impacto.

Infelizmente, a avaliação de risco ainda não é ensinada na universidade e, como resultado, os novos jornalistas têm que aprender sobre as ameaças e vulnerabilidades da maneira mais difícil. Organizações de mídia como Washington Post, Los Angeles Times, Associated Press, Reuters, NPR ou New York Times, cujos correspondentes estrangeiros foram severamente ameaçados, detidos ou mesmo assassinados na Ásia Central ou no Oriente Médio, também aprenderam na prática. Lembro-me de um ex-vice-diretor do New York Times uma vez dizendo o seguinte: após a perda de nossos colegas, percebemos que não tínhamos qualquer protocolo de segurança, qualquer estratégia de segurança planejada.

Para grandes organizações de mídia, ter uma política de segurança, estratégia e protocolos, tem sido uma questão de investimento e compromisso. Eles contratam pessoas para se concentrar na segurança e aproveitar todas as oportunidades de treinamento. No entanto, não é a mesma história para organizações de mídia pequenas, independentes e de recursos limitados. Normalmente, eles não têm o compromisso e os recursos necessários para treinar suas redações e prepará-los para reduzir riscos.

Como o Salama funciona

Os usuários respondem cerca de 30 perguntas sobre seu comportamento, variando de quais tópicos cobrem às condições de trabalho a seus conhecimentos de segurança digital. Depois, o Salama fornece uma pontuação de risco e conselhos personalizados imediatos para ajudar a se tornar mais seguro. Para indivíduos, todo o processo leva cerca de 10 minutos. Se um usuário seguir todas as recomendações do aplicativo e refazer o teste mais tarde, sua pontuação de risco deve melhorar significativamente.

O Salama oferece dois tipos de avaliações de risco: uma para jornalistas individuais e uma para organizações de mídia. Com o Salama, as organizações de mídia podem avaliar a probabilidade e a proximidade de ameaças e medir os possíveis danos financeiros, físicos ou de reputação. O aplicativo pode ajudar as organizações a personalizar oportunidades de treinamento de equipe e avaliar quais recursos devem alocar para aumentar a segurança de suas operações.

O aplicativo também possui uma biblioteca de segurança, que oferece os mais recentes conselhos sobre criptografia, senhas seguras e outros tópicos de segurança digital.

No final das contas, a segurança acaba sendo um esforço pessoal para muitos jornalistas e meios de comunicação. É por isso que é tão importante para os jornalistas compreenderem completamente os riscos que enfrentam e tomar medidas para se protegerem. É por isso que lancei o Salama como uma maneira de tornar mais fácil para o jornalista realizar uma avaliação de risco e corrigir suas vulnerabilidades.

Imagem principal sob licença CC no Flickr via Roberto Faccenda

Fonte: Ijnet

Por: Jorge Luis Sierra

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