Sábado também é dia de IX Jornalismo sem Fronteiras. O compromisso diário estava marcado para…
Tercer Cordón e os corresponsales barriales
Em visita aos Corresponsales Barriales, correspondentes internacionais e locais se encontram para uma troca riquíssima.
Corresponsales Barriales. Sua missão é objetiva, mas não é simples: comunicar o que se passa nos barrios a partir do lugar de alguém que pertence à comunidade. “Os e as correspondentes do bairro (corresponsales barriales) somos um grupo de comunicadores jovens provenientes dos bairros populares que fazemos comunicação alternativa”, explicam. “Por isso, nosso objetivo principal é mostrar em primeira mão o que se passa nos bairros humildes”.
Combinando oficinas de comunicação e investigação prática, jovens de distintas villas (as favelas argentinas) e bairros se encontram para trazer uma voz nova às narrativas midiáticas tradicionais. Sua formação acontece conforme investigam as histórias que escolhem: quantos e quais lados ouvir? Como organizar o material coletado? Como contar uma história que valha à pena? Toda essa discussão resulta em matérias produzidas por eles e publicadas no Tercer Cordón.
Geralmente produzem conteúdo audiovisual, e a tecnologia aparece como facilitador tanto na produção de pautas quanto na divulgação das matérias. Neste vídeo, por exemplo, combinam texto e vídeo para narrar um violento processo de urbanização vivido por uma das maiores favelas de Buenos Aires, a Villa 31.
Suas iniciativas mais recentes falam sobre temas distintos. Uma delas buscará narrar a festa de São Caetano nas villas e barrios, uma homenagem que transcende o caráter religioso e lembra o santo do trabalho no dia 7 de agosto. A segunda, por sua vez, lembra o massacre de Avellaneda, que cumpre 16 anos no dia 26 de julho. Na ocasião, dois manifestantes foram mortos pelas forças policiais durante um protesto na Ponte Pueyrredón.
Para Juan Manuel Rueda, um dos coordenadores da iniciativa, este tipo de narrativa é tão importante por ser única. Para ele, as vozes dos jovens são insubstituíveis, porque são as únicas que compreendem a realidade villeira desde um lugar de pertencimento. “O jornalista que conta a notícia do bairro de fora do bairro, mesmo que seja super honesto, mesmo que tenha muita empatia pelas pessoas que vivem aqui, está marcado por outra história de vida – e vai contar a notícia deste lugar”, explica.
A iniciativa dos Corresponsales Barriales tem um potencial enorme. Mobiliza as comunidades e as aproxima, ao mesmo tempo em que viabiliza uma comunicação que capacita jovens para atuarem em um jornalismo alternativo. Sua voz, como diz Juan Manuel, é insubstituível.
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