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O futuro incerto do clima no Brasil

O planeta vem registrando, nos últimos anos, eventos extremos com maior frequência. São secas, enchentes, tornados, furacões, incêndios florestais, entre outros fenômenos que afetam diretamente a vida na terra. No Brasil, o cenário não é diferente. Acordos internacionais entre países devem ser decisivos na minimização dos efeitos do aquecimento global.

CLOVES TEODORICO

DE BRASÍLIA

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Temperaturas têm superado médias históricas em vários pontos do país. Foto: Carolina Piscina

A variabilidade do clima é considerada um fenômeno natural pelos cientistas que estudam a atmosfera terrestre. Contudo, a rapidez e intensidade com que essas alterações vêm ocorrendo nas últimas décadas têm preocupado o mundo de uma maneira geral. Em 2005 e 2010, secas atingiram o estado do Amazonas, uma das regiões mais ricas em disponibilidade de água do Brasil. Em 2008, Santa Catarina sofreu com inundações bruscas. Já em Alagoas e Pernambuco, o ano de 2010 está marcado na história pelas enchentes que deixaram mais de 100 mil pessoas desabrigadas e mais de 40 mortos.

O aumento descontrolado das emissões de gases de efeito estufa – grande parte produzida pelos seres humanos em atividades como queima de combustíveis no transporte, desmatamento de florestas e o consumo exagerado de energia –, em paralelo ao crescimento da população, processo de urbanização e industrialização das cidades, agravam a ocorrência de fenômenos naturais no território nacional.

De acordo com o Atlas Brasileiro de Desastres Naturais (ABDN), ferramenta que ajuda na pesquisa e no monitoramento do país, a região Nordeste é a mais afetada por desastres – devido à questões de localização geográfica e a vulnerabilidade social –, seguida do Sul, Sudeste, Norte e, por fim, o Centro-oeste. Por Estado, o Rio Grande do Sul é o mais atingido; e o Amapá é o menos prejudicado.

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Classificação dos tipos de desastres    
Desastres naturais em números

Engajamento coletivo  

Os efeitos do aquecimento do planeta passaram a ser discutidos de maneira ampla. Tanto pelos governos, como pelo meio científico. Canais de pesquisas não param de ser criados. Oficializado em setembro de 2009, por meio do Ministério do Meio Ambiente (MMA) e do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), o Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC) também se tornou um importante instrumento de pesquisa sobre impactos ambientais – sobretudo envolvendo o clima.

A organização fornece, periodicamente, avaliações científicas – servindo como incentivo às políticas emergenciais. Entre os alertas emitidos pela PMBC, sobre o futuro do clima, estão: a redução da oferta de água potável, extinção de espécies nativas por conta de todos os tipos de poluição ambiental, o avanço do mar no litoral brasileiro e a queda no rendimento da pesca.

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Enchentes mais fortes estão atingindo o país. Foto: Editora Abril

Em nível mundial, durante a Conferência da ONU sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, no Rio de Janeiro (RJ), no ano de 1992, foi criada a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC). Uma vez por ano, equipe de mais de 190 países se reúnem na Conferência das Partes (COP) para discutir o clima. Este ano, o local de encontro dos secretários foi Paris, na França.

O texto final da COP21 estabelece como teto de aquecimento uma redução de 1,5ºC. Ambientalistas ficaram divididos quanto ao resultado da semana de negociações, que determina um balanço global das metas nacionais a cada cinco anos, passando a valer a partir de 2020. O engenheiro florestal e coordenador do Sistema de Estimativa de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Observatório do Clima (SEEG), Tasso Azevedo, usou sua página no Twitter para manifestar apoio às decisões da COP21. “Momento histórico em Paris. O acordo de Paris cria um ambiente fértil para descarbonização do planeta”, escreveu na tarde deste sábado (12).

A fala de pesquisadores

Para o meteorologista Luiz Cavalcanti, que é chefe do Centro de Previsão do Tempo do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) de Brasília (DF), o planeta está passando por flutuações climáticas e é preciso estar preocupado com outros aspectos, descartando a contribuição humana nesse processo. “Não gosto do termo ‘mudanças climáticas’. Prefiro chamar de flutuações. Não quer dizer que a gente deva poluir mais. É preciso entender o clima para verificar eventuais mudanças e trabalhar em cima disso para se harmonizar”, pontua.

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Servidor do Inmet, o meteorologista Luiz Cavalcanti acredita que é importante se preocupar com as adaptações das populações. Foto: Joelli Azevedo

O servidor do Inmet afirma ainda que o aquecimento global não está descartado. “Em toda a história da humanidade, você tem grandes mudanças no clima e todas elas foram sendo adaptadas pelo ser humano. Nós estamos num momento em que a atmosfera da terra está aquecendo. Há 120 anos foi tão quente quanto. Por exemplo, o ano de 1896 foi tão quente quanto 2008. Temos anos equivalentes. Dentro de um estudo preliminar, veremos que temos flutuações do clima. Elas são cíclicas”, explica.

Um dos pontos determinantes para as características do clima é o fenômeno natural chamado de El Niño – evento climático causado pelo aquecimento, além do normal, das águas do Oceano Pacífico. Os impactos do El Niño já vêm sendo sentidos, no país, desde o início do segundo semestre deste ano, aponta o meteorologista Mozar Salvador, que também atua no Inmet da capital federal. “Este El Niño que estamos vivenciando é o mais forte desde os anos de 1997 e 1998, classificado como muito forte. Na prática, o resultado disso são as chuvas abaixo da média nas regiões Norte e Nordeste e chuvas acima da média no Sul”, completa.

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Pesquisador destaca que fenômeno El Niño é o mais forte desde os anos de 1997 e 1998. Foto: Cloves Teodorico

Avanço de políticas públicas

De acordo com a Assessoria de Comunicação Social do Ministério do Meio Ambiente, entre os anos de 2005 e 2012, o Brasil reduziu 41,1% das emissões. O órgão federal diz que a significativa redução é consequência da queda nas taxas de desmatamento nos biomas brasileiros, em especial na Amazônia.

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Vegetação seca no Agreste de Pernambuco. Foto: Cloves Teodorico 

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