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Quando crowdfunding não alcança seu objetivo, descubra o porquê: Lições da Venezuela
Este é o quarto artigo de uma série da SembraMedia sobre como os sites de notícias independentes podem alcançar estabilidade financeira. Veja a primeira parte, a segunda parte e a terceira parte.
Na Venezuela, um “cocuyo” é um inseto semelhante ao vagalume. Um cocuyo solitário não libera muita luz, mas quando centenas ou milhares se agrupam, liberam luz suficiente para iluminar a escuridão. Portanto, não é por acaso que o Efecto Cocuyo, um site venezuelano criada em janeiro de 2015, estabeleceu a meta de usar reportagens objetivas para lançar luz sobre o que está acontecendo em um país onde o jornalismo de qualidade vem perdendo terreno.
“Nós sempre vamos apostar no crowdfunding como um meio para mais renda”, diz Luz Mely Reyes, CEO e cofundadora do Efecto Cocuyo. No final de 2015, Efecto Cocuyo lançou sua primeira campanha coletiva de angariação de fundos com sucesso notável.
“Levantamos mais de US$27.000 em pouco mais de dois meses”, disse Luz. Embora o objetivo da primeira campanha tenha sido arrecadar US$75.000, os US$27.000 acabaram valendo o dobro em questão de meses, devido à taxa de câmbio flutuante da Venezuela. A campanha gerou tanto interesse que outro site de notícias venezuelanas online, El Estimulo, escreveu um artigo sobre lições aprendidascom o crowdfunding do Efecto Cocuyo.
Em 2016, Efecto Cocuyo estabeleceu um objetivo menos ambicioso do que em 2015 com a campanha “Quem disse medo?”: arrecadar pelo menos US$40.000. Eles fizeram um vídeo de 2:30 minutos que discutiu a falta de medicamentos da Venezuela e a cobertura que Efecto Cocuyo forneceu. No final, pediram o apoio de seus leitores para continuar fazendo jornalismo. A campanha durou dois meses e obteve US$5.391 de 93 doadores. Eles usaram o site Indiegogo para receber doações, especificamente em dólares, já que o Bolívar venezuelano enfrenta sérios problemas de desvalorização.
As campanhas de 2015 e 2016 foram “completamente básicas, sem a necessidade de agências de publicidade ou marketing”, explicou Luz. Segundo ela, não houve a necessidade de contratar agências, mas ela dependeu de uma pessoa específica para acompanhar a campanha e seus doadores ao longo do ano.
Quando Luz foi perguntada por que a campanha de 2016 não atingiu seu objetivo, ela disse que acredita que existem três razões fundamentais:
1) Devido à crise econômica atual, a maioria dos venezuelanos residentes em seu país de origem não tem acesso a moedas estrangeiras: neste caso, dólares.
2) Porque a maioria dos venezuelanos no exterior — quem tem acesso a dólares — está ajudando principalmente suas famílias e amigos que estão saindo do país.
3) Como a carga de trabalho interna do Efecto Cocuyo foi tão grande em 2016, eles passaram pouco tempo pensando e operando a campanha, que foi excessivamente focada nas redes sociais.
Para Luz, que foi responsável pela campanha, o chamado à ação era claro e compreensível, o vídeo foi amplamente compartilhado e muitas pessoas se interessaram pelo jornalismo do Efecto Cocuyo. No entanto, “continua a ser um desafio entender quando uma campanha de crowdfunding pode ser bem sucedida ou não.”
De acordo com Luz, todos na equipe estavam cientes de que a crise econômica tornaria a campanha difícil, mas decidiram lançá-la [de qualquer maneira] porque acreditavam que a situação atual da Venezuela — o cansaço com o governo e a raiva popular — poderia motivar mais pessoas para apoiar o jornalismo em profundidade.
Luz é franca sobre os resultados da campanha de 2016: “Em termos de receita, não fomos tão bem, mas foi uma experiência de aprendizado”, disse ela. “Quando uma pessoa apoia você, mesmo que seja apenas um dólar, com a crise econômica, política e social que a Venezuela está passando, essa pessoa se torna parceira, um cúmplice que deve ser procurado.”
Fonte: IJNet
Por: Jordy Meléndez
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