Como entender uma nação que viveu o período ditatorial mais sanguinário da América do Sul,…
Manifestação contra a PEC 55 provoca confronto em Brasília
O motivo do embate foi a crítica à medida que limita os investimentos públicos
JULIANA LIMA
DE BRASÍLIA
A Esplanada dos Ministérios foi palco de um confronto entre a polícia militar e manifestantes após a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição que limita os gastos públicos pelas próximas duas décadas.
A PEC 55 tem o objetivo de solucionar o suposto descontrole nas contas públicas e servir como fórmula para a iniciativa privada retomar a confiança no Brasil e voltar a investir, reativando a economia.
Manifestantes contrários a decisão do governo decidiram se reunir às 16h na frente da Catedral da cidade. Um grupo já estava reunido no ponto de encontro, entretanto as demais pessoas precisavam atravessar a ponte para encontrá-los.
A PM fez um bloqueio impedindo que qualquer um passasse para o outro lado sem ser revistado. Muitas pessoas com medo de acontecer um possível confronto com os militares carregavam em suas bolsas vinagre, leite e magnésio, e ao serem revistadas tais artefatos corriam o risco de serem confiscados pela polícia.
Diante disso, os manifestantes decidiram se reunir do lado oposto à Catedral para passarem todos juntos pelo bloqueio dos militares, e foi nesse momento que tudo começou. Os militares são orientados a se defenderem em situações de ameaça. Diante disso, bombas de efeito moral, gás lacrimogênio, balas de borracha foram lançadas na multidão.
O número de policiais começou a aumentar, junto com os seus instrumentos de ataque aos manifestantes. O grupo de protestantes tentava se manter unido para não dispersar o movimento, entretanto a tropa de choque e a cavalaria avançavam rapidamente, e mesmo com máscaras ou com os rostos cobertos, cada vez mais era difícil o grupo resistir e não recuar.
O movimento ia se aproximando da rodoviária, sentido oposto do plano inicial. O chão estava coberto com capsulas de balas de borracha, sacos de lixo e objetos que foram perdidos ao longo do percurso. E o céu estava coberto com uma nuvem preta, devido ao ônibus que os manifestantes colocaram fogo.
O ato contava com pessoas que queriam protestar contra a decisão do governo, outras queriam apenas causar a discórdia e destruir o patrimônio público, como foi possível ver monumentos e ruas pichadas. Além desses dois grupos também existiam os curiosos, que só estavam observando o ato, como por exemplo os jornalistas.
Muitas pessoas inalaram o gás e sentiram o efeito do spray de pimenta, porque mesmo que os policiais mirassem em direção a multidão o vento espalhava os gases. Segundo um dos militares presentes no ato, o melhor a se fazer nessas situações é sentar em algum lugar, proteger a cara para o efeito passar.
Um dos participantes do protesto, estudante de biologia da Universidade de Brasília, disse que em Brasília é comum as manifestações terminarem em violência, tanto pela parte policial, quanto pela parte dos protestantes.
O Eixo Monumental e as ruas ao seu redor só voltaram a funcionar normalmente por volta das nove horas da noite. Muito brasilienses enfrentaram transito ao voltarem para a casa. Mas, no dia seguinte a normalidade voltou a tomar conta da cidade.
JULIANA LIMA é jornalista e participa do programa “Jornalismo & Poder”, que leva jornalistas e estudantes de comunicação a Brasília para uma imersão de uma semana na cobertura política.
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