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Jornada Mundial da Juventude mobiliza jovens argentinos

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Confira a matéria publicada no jornal Folha de S. Paulo escrita por Clésio Oliveira e Deborah Rezaghi  durante o Programa Jornalismo sem Fronteiras em Buenos Aires

CLÉSIO OLIVEIRA
DÉBORAH REZAGHI
DE BUENOS AIRES, COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Papa no BrasilO frio congelante da capital argentina não foi um obstáculo. A perspectiva de ficar mais de 40 horas dentro de um ônibus tampouco. Na gelada noite de sexta-feira, 19, o que se via na frente da Catedral de Buenos Aires eram jovens e familiares empolgados e ansiosos pela perspectiva de ir ao Rio de Janeiro e conseguir ver, nem que seja de longe, o Papa Francisco.

Muitos deles ainda não conheciam o Brasil. As expectativas não eram apenas para ver o antigo cardeal Bergoglio, mas também para conhecer a cidade, e fugir um pouco dos ventos frios de Buenos Aires.

Quem ainda não conhecia o Rio decidiu ficar um tempinho a mais, como é o caso da professora de catequese Julia Punturo, que vai para a jornada, mas pretende ficar sete dias a mais para desfrutar das belas paisagens cariocas.

Na frente da Catedral, que passa por reforma e está localizada perto da Casa Rosada, havia sete ônibus que levariam em torno de 56 passageiros cada um. Para levar tantas pessoas, é preciso muita responsabilidade.

O motorista Horácio Fire já esteve outras vezes no Rio de Janeiro, e acredita que a maior dificuldade para chegar não será o caminho até a cidade, mas sim as paradas que serão feitas.

“São sete ônibus que vão ao Rio apenas dessa empresa. E como vamos levar muitas pessoas, não saberemos se o lugar em que faremos as paradas terão condições de receber tanta gente”.

No meio de tantos jovens e familiares é possível encontrar um pouco de tudo. Muitos deles já conheciam o Papa Franciso, quando foi cardeal em Buenos Aires. A filha de Ana Lobo, a também Ana, só que não Lobo, mas Cerrutti, é coordenadora de um dos grupos de jovens que está indo para o Rio.

A mãe está orgulhosa da filha, que participa das atividades da Igreja desde os 10 anos de idade. As duas conheceram Bergoglio de perto. Ana mãe conta que ele sempre foi uma pessoa sensível, humilde e que estava perto do povo.

Já Ana filha disse que no dia que ele foi eleito Papa estava trabalhando e não acreditou no que ouvia. “Comecei a chorar de emoção, pois era algo que não esperava”, conta. “A forma como ele falava com os jovens era diferente. Ele passava a mensagem com o coração”.

O estudante Marian Nicolás Cardozo tem muitas expectativas para a jornada. Ele nunca foi ao Rio e espera ter a oportunidade de encontrar Francisco de perto. “Vai ser um momento muito especial se puder encontra-lo frente a frente, mas sei que isso vai ser difícil de acontecer”.

Ficar mais de 40 horas dentro do ônibus requer muita disposição. Mas engana-se quem pensa que os participantes da Jornada não se prepararam. Julia Punturo, por exemplo, aponta uma mochila cheia de objetos dentro e afirma sorrindo: “Levarei muitos jogos para passar o tempo com os amigos”. Compartilhar esse momento com outras pessoas é também o objetivo de Mari Lujan, uma estudante de nutrição de 21 anos. “Quero dividir essa experiência única com meus amigos”, conta.

Mas será que haveria tanta mobilização para a Jornada Mundial da Juventude se o Papa não fosse argentino? A maior parte dos fiéis afirma que participaria da jornada de qualquer maneira. “O Papa é o Papa e não importa sua nacionalidade. Participaria de qualquer maneira”, afirma Nicolás Cardozo.

Todavia, não há dúvida que o fato de a Argentina ser o berço do Papa influenciou para que a Catedral de Buenos Aires se enchesse em pleno inverno com uma noite de 5 ºC. “O Papa deu uma nova energia nova para a fé dos argentinos”, afirma Júlia Punturo.

Sua afirmação pode ser constatada com uma breve caminhada pelas ruas da capital. Antes um cardeal conhecido por poucos da Catedral de Buenos Aires, agora ele virou uma celebridade.

As três maiores personalidades que são referências para os argentinos são: Perón, Evita e Maradona. Além da personagem Mafalda, do cartunista Quino, que também é muito querida.

Contudo, Francisco, nos últimos tempos, passou a ser um símbolo argentino. Ao se caminhar pela Florida, uma das ruas de comércio mais famosa de Buenos Aires, percebe-se objetos relacionados ao Papa em todos os lugares. Nas bancas, é comum observar bottons, imãs de geladeira, blocos de anotação e até mesmo calendários com a foto do Papa.

Quem ficou decepcionado foi Luiz Velasquez, um vendedor que pensou que venderia muitas bandeiras com as imagens de Franciso. O que ele não esperava era que todos os participantes já chegassem preparados para a viagem. “Não se venderam muitas bandeiras, todos já trouxeram as suas.”

CLÉSIO OLIVEIRA e DÉBORA REZAGHI são estudantes de jornalismo. Eles participam do “Jornalismo sem Fronteiras”, iniciativa da Link Consultoria que leva estudantes de comunicação a Buenos Aires para um mergulho de uma semana no trabalho de correspondentes.

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