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Em meio às celebrações do Dia da Independência, protestos acontecem pelas ruas de Buenos Aires

De um lado, manifestantes lutavam pelos direitos dos moradores e do outro, ocorria o desfile militar de comemoração

LARISSA ALBUQUERQUE

SOFIA SCHUCK

DE BUENOS AIRES

Os moradores de rua estavam lutando pelos seus direitos. Crédito: Sofia Schuck

“Enquanto as festividades custam caro e são só para os políticos, aqui estamos nessa realidade de pobreza, com um governo que não atende nossas reivindicações”, foi assim que Alejo Di Carlo, lamentou as comemorações do dia da independência frente a realidade da população em Buenos Aires. Ele é o coordenador da Frente Social Peronista, um dos movimentos que liderou o protesto contra a situação de moradores de rua, ocorrido nesta terça-feira (9), em frente ao Obelisco da avenida Nove de Julho. Os movimentos presentes criticaram os altos gastos do governo com as festas, em relação ao descaso com os mais pobres.

Os manifestantes se reuniram em luta pelos direitos das pessoas em situação de rua, com o objetivo de dar visibilidade ao problema e o aumento dos casos. Também foram distribuídos pratos de comida, cobertores e colchões. Filas se formaram por muitos que passam fome todos os dias em Buenos Aires, como foi o caso de Reinaldo Abalos. Ele vive há 12 anos na rua e estava muito feliz com seu prato de lentilha. “Infelizmente, estamos cada vez mais desprotegidos e abandonados. Também somos humanos e queremos uma vida digna”, afirmou. 

Além de manifestantes, moradores de rua se concentravam no local para pegar pratos de comida, cobertores e colchão. Crédito: Sofia Schuck

Segundo o organizador do Censo Popular, Juan Leal, o governo diz que são 1200 pessoas que vivem nas ruas, quando na verdade são estimadas em torno de 7.200: “Estão nos omitindo essa informação, para parecer que está tudo bem. Mas esse número só aumenta e não há trabalho e nem melhora na economia”. Nesse sentido, Di Carlo ressalta que o cenário só piorou e nos últimos três anos, a população de rua aumentou 50% só na capital, sem contar as outras províncias do interior. “Frente a isso, o governo só tem feito medidas paliativas, como a criação de abrigos, que só servem para dormir. Os moradores de rua precisam de muito mais: trabalho, apoio psicológico, saúde e educação”. O coordenador da Frente Popular Diario Santillan, Ricardo Fernandes, complementou: “Buenos Aires é a cidade mais rica da Argentina e não destina dinheiro para políticas habitacionais. Não se tem onde viver, comer, trabalhar…”

Ao mesmo tempo, no bairro de Palermo, ocorria o desfile militar em comemoração à independência da Argentina. Milhares de pessoas se concentraram na avenida Del Libertador para homenagear seus líderes e prestigiar a nação. Argentinos, imigrantes, famílias e crianças levantavam suas bandeiras e gritavam “viva a pátria”. Muitos ignoravam a situação de crise que assola o país. “O governo Macri é positivo, pois sempre houve pobreza e só agora estão falando disso”, afirmou o argentino Pablo Carlos, que estava prestigiando o desfile com sua filha. 

Muitas pessoas compareceram ao desfile militar da independência. Crédito: Sofia Schuck

O protesto da Nove de Julho terminou com repressão da polícia, que os impediu de marchar pelas ruas. 

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