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Copan X Kavanagh – interação e acessibilidade

Em uma época em que a importância da mobilidade e integração urbana dão o tom de parte das construções civis e projetos sociais, os olhos voltam-se para símbolos da arquitetura residencial nas cidades de Buenos Aires e São Paulo, dois polos na América Latina. Quais as diferenças? Como se projetou o concreto para fomentar a integração com o cidadão?

SARA ABDO

DE BUENOS AIRES

 

Edifício Kavanagh, em Buenos Aires
Edifício Kavanagh, em Buenos Aires. Foto por: Sara Abdo

À primeira vista, o Edifício Kavanagh chama a atenção por sua altura de 105,28 metros em pleno centro de Buenos Aires. Faz jus ao título de primeiro arranha-céu da América Latina. No entanto, a cada passo para se aproximar da base do edifício, ele perde grandiosidade e vira um entre tantos prédios cinza em uma tarde de inverno.

Construído entre 1933 e 1995 e inaugurado em janeiro de 1936, o edifício comporta 32 andares e 100 apartamentos. A portaria é como se fosse a de um hotel, no qual não há interfone ou automaticidade, mas sim um funcionário responsável por abrir e fechar a porta a cada morador que chega.

Em frente à praça San Martin e a uma quadra das movimentadas Avenida del Libertador ou Florida, o Kavanagh é imponente demais para permitir a integração com os trabalhadores que diariamente passam pela região. Segundo portenhos, é assim há 80 anos.

Edifício Copan, em São Paulo. Foto por: Sara Abdo
Edifício Copan, em São Paulo. Foto por: Sara Abdo

Se de longe se veem as curvas do Edifício Copan, de perto se sente o cheiro do café vindo de algum restaurante do andar térreo. Ali está uma galeria com 72 lojas, entre restaurantes, comércio e cinema, que sediam o vai e vem de trabalhadores da região e moradores do edifício. Inaugurado em 1966, o Copan é símbolo de uma proposta de acessibilidade e interação entre construção privada e espaço urbano – proposta, aliás, mais atual que nunca.

Para chegar ao terraço é preciso ir até o 32º andar e, a partir de ai, há um lance de escadas, muito bem iluminados pela luz do sol. Lá de cima, caminhando entre as curvas que conseguiram chegar ao topo, vê-se toda São Paulo. A sensação é de poder, como se curvar o corpo, lá de cima, fosse impedir o choque entre dois carros ou duas pessoas que deveriam ter-se curvado, e não o fizeram. Uma curva é maleável, e o Copan parece um concreto adaptável, a tudo e todos.

São 115 metros de altura que, além da galeria comportam o 32 andares, 1160 apartamentos e quase 5 mil moradores, que podem escolher entre kitnets e apartamentos de um, dois ou três quartos. Embora possa parecer, a integração maior acontece de fora para dentro. Os cidadãos têm mais interesse no Copan do que muitos de seus moradores.

 

SARA ABDO é jornalista e participou do “Jornalismo sem Fronteiras”, que leva jornalistas e estudantes de comunicação a Buenos Aires para um mergulho de 10 dias no trabalho de correspondente internacional.

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