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Domingo – 14 de julho

O embarque

Empezó nuestra jornada! Era aquele o dia tão esperado por nove destemidas futuras jornalistas e apenas um homem que, se sobreviver ao convívio intenso com tantas mulheres, com certeza será um profissional perfeito! (rsrs). Chegamos cedo ao aeroporto (pelo menos alguns de nós…). Três horas antes do horário do voo. Às 14h já estávamos no check-in. À medida que a ansiedade ia aumentando, o grupo crescia. Os participantes chegavam tímidos, quietos… Apesar do aeroporto cheio em um domingo de férias, os tramites burocráticos para o embarque não tomaram muito tempo.

 

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“Cadê Teresa?”

 A dose de emoção ficou por conta de três membros que se atrasaram e causaram certa preocupação (para não dizer comoção). Em um dos casos, tentamos de tudo: telefonema, mensagem, whatspp, ligação para a agência tentar localizar a mãe, mensagem no Facebook, tudo!  E nada da Teresa… No fim, o imbróglio foi resolvido e, correndo, a Teresa deu o ar da graça.

Não. As emoções não pararam por ai! Uma outra dose de susto veio quando a Deborah deixou a blusa cair, ao se deparar com a falta e voltou para buscar, já não estava mais lá. Em um primeiro momento pode-se pensar: mas era só uma blusa. Porém, quando você se dá conta que vai desembarcar em uma cidade que a temperatura está variando entre 0°C e 10°C, à noite, e todas suas roupas já estão despachadas, aquela blusa era praticamente o bem mais precioso de sua vida. Valia quase um rim. Mas, no final das contas deu tudo certo (uma das companheiras de viagem, vendo sua aflição, lhe emprestou umas das blusas extras que carregava na mala de mão). Assim, nada comprometeu o velejar de nossa nau.

Com todas a postos e frente a duas horas de puro ócio, começamos a gravar. Ligamos nossas lentes e, apesar da vergonha de continuar em stand by, cada uma contou como chegou até ali e o que esperava da semana que começava naquele momento. As respostas foram das mais diversas: havia a garota que entrou no jornalismo depois de quase se formar em fisioterapia e pretendia comprovar para si mesma se fez a escolha certa; outra que pretendia mesclar seus interesses pelo meio ambiente ao jornalismo e incluir isso em sua pauta; ou ainda, a que tinha apenas 17 anos, mas aproveitou o apoio dos pais para entrar nessa viagem e estava ansiosa para experimentar a rotina de um correspondente e conhecer a Argentina. Unanime era só que aquela experiência serviria para determinar o rumo de suas carreiras – se eles queriam ou não ser correspondentes, repórteres, ou ao menos tirar algum proveito daquele convívio. Em alguns momentos, era quase tangível a expectativa que as jovens colocavam na aventura que estavam prestes a entrar. Ela era física no olhar de cada uma. Diante tal expressão, era impossível não se tornar cumplice e se comprometer a tentar realizar aqueles sonhos, atingir as expectativas.

O grupo foi se conhecendo e se entrosando. A maioria não se conhecia apesar de frequentarem a mesma faculdade e de terem participado juntas dos encontros “História e Cinema” (preparatórios para viagem). Todas mostravam tamanha simpatia que é possível arriscar a dizer que o clima de um time já estava em cada uma. Afinal, seria a primeira viagem jornalística de todas. A coletividade seria imprescindível. É possível que devido a isso, não se parava de falar sobre as futuras pautas e o andar das matérias. Será que vai dar certo produzir a matéria que tínhamos imaginado? E as fontes, irão nos atender? Vai dar pra entender o espanhol (ou o portunhol?)

Comprometidas, foram compartilhando suas intenções, dúvidas e desejos. Curioso, afinal, para a maioria nessa idade, seria apenas mais uma viagem internacional em que o foco seria a diversão e o jornalismo só a completaria. Não parecia ser o caso. Ou ao menos, o jornalismo era a diversão delas naquele momento.

Com todos devidamente apresentados, um casaco à mão e uma pauta na cabeça, os aspirantes a correspondente decolaram. No avião, bastante conforto a bordo. Como planejado, todos os lugares eram juntos, o que facilitou a sociabilização. O único excluído era o homem do grupo. Talvez fosse para poupá-lo…

Chegando a Buenos Aires

 Pouco menos de duas horas e meia foram suficientes para cortar toda região Sul, cruzar o Uruguai e adentrar em território portenho, pela porta da frente, às margens do desaguar do Rio da Prata. Ao pousar, surpresa! Nos deparamos com um aeroporto para Primeiro Mundo nenhum botar defeito. Completamente novo. Parecia que acabaram de cortar a faixa. Soubemos que esse terminal havia sido inaugurado há oito meses. Algumas obras ainda nem foram entregues. “No que depende do Aeroporto de Ezeiza, podem mandar a Copa aqui para a Argentina”, brincávamos. No fim, pairou o cheiro de obra faraônica que ajuda a melhorar a imagem de uma governante que anda um pouco em baixa ultimamente. O que se sabe é que fomos bem recebidos, o guia nos ajudou no embarque e nos apresentou a cidade – deu algumas informações e nos alertou sobre a segurança e golpes comuns em território portenho. O olhar era de curiosidade; apesar da maioria já ter, ao menos, pisado por poucas horas em Buenos Aires – uma das meninas contou que ficou por aqui por doze horas, durante um cruzeiro. Mas está valendo, já passou. Ezequiel, nosso guia, nos contou que os efeitos da melhoria de vida da classe C vieram parar até aqui. O turista brasileiro de antigamente era o que comprava de tudo, consumia muito. Hoje, não. A classe C consegue fazer viagens internacionais, mas ainda não tem alto poder de consumo.

Completamente plana, a cidade surpreendeu. Já era noite e o percurso relativamente rápido não possibilitou que observássemos mais a cidade. O dia seguinte revelaria ainda mais.

Já eram dez da noite e, apesar de chegarmos uma hora antes do planejado, todos estavam exaustos. Preencher toda a ficha do check in do hotel parecia um martírio. Mas, a divisão de quartos ressaltou mais uma vez o espírito receptivo que pairou mais cedo, antes do voo. Solicitos, todos se definiram rapidamente e mostraram-se empolgados com seus colegas de quarto. Ajudaram-se com a bagagem e, rapidamente, subiram aos quartos. Descanso merecido. O hotel parece ser de primeira. O fato é que o primeiro passo havia sido concluído. A expedição que começou sem muitas pretensões parece ter concluído com méritos seu primeiro objetivo. O dia seguinte, guarda muitas surpresas: lapidar pautas, palestras, reuniões, colocar um sapato confortável e percorrer os marcos da história argentina pela cidade. O que será que a Paris da América do Sul reserva para nós?

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