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Terça-feira – 16 de Julho

Após uma chegada de exploração por todos os meandros de Buenos Aires, já nos sentíamos quase portenhos. Era hora de começar nosso segundo dia em terras argentinas e partir para o trabalho – apesar da maioria já ter partido antes mesmo dessa largada. A reunião de pauta serviu não só para alinhar os melhores caminhos a serem tomados, mas também para unir os colegas e criar conexões (tanto internas, quanto externas, com as fontes). A empolgação fez com que a maioria agregasse novas pautas no meio do caminho. No que depender da disposição desses aspirantes, a Revista “Enviado Especial” de 2013 vai ficar maior que a transcrição de um discurso da Cristina Kirchner. As intenções de reportagens são tantas que, para contar todas, é melhor irmos por partes:

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Aventuras do dia

Nova mas ousada

Nossa caçula, a Bárbara mostrou que em matéria de trabalho ela não fica para trás: abraçou o perfil do Ariel Palácios – carne de pescoço, já que não existe nada assim sobre ele na internet-, se ofereceu para ajudar no do Alejandro Rebossio e ainda se propôs a explicar o panorama político argentino (coisa que nem eles mesmos entendem). Não contente em abordar um tema árido, ainda quer fazer isso partindo de uma  uma abordagem curiosa: explicar todos os desdobramentos que levaram à atual conjuntura através do lado pitoresco da soberana Cristina. Amada ou odiada por “seu povo”, na lista de excentricidades da presidente está sua própria linha de bonecas-de-pano e um estádio praticamente outorgado com o nome Estádio Cristina Kirchner de Misiones.

Com tanto trabalho, Bárbara começou logo cedo. Para conhecer um pouco mais desse lado caricato de Cristina, ela teve a ajuda de luxo do nosso integrante honorário, Clóvis Rossi. Após  anos como enviado especial e correspondente, sendo 3 deles na Argentina, nenhum conselheiro poderia ser mais adequado. E a honra ainda não parava por ai: montamos o tripé, fixamos a câmera, puxamos duas poltronas e fizemos a entrevista na sacada de seu quarto, no mesmo hotel onde estamos. Os vários minutos gastos para a escolha da melhor luz, enquadramento ideal, foco adequado e planejamentos técnicos valeram a pena e, com uma condução de entrevista muito segura da Bárbara, conseguimos um material interessante. No auge da empolgação ousaria a dizer: “coisa de cinema!”, mas no nosso caso: “coisa de correspondente de primeira linha!”.

Juntos novamente

Apesar de agora tocarem seus trabalhos de forma independente, um evento reuniria todo o grupo: a conversa com  Sylvia Colombo. Estávamos bastante ansiosos com a chance de conversar com  correspondente da Folha de S. Paulo aqui em Buenos Aires há 2 anos. Por isso, os preparativos foram dos mais diversos: entrevistas adiadas, ou atrasadas; almoço deixado para o fim da tarde, ou simplesmente deletado da agenda (jornalista não tem essa historinha de almoçar todo dia, já almoçou ontem); e o auditório do hotel foi reservado… Ah, o auditório! O imbróglio dele daria por si só uma saga. Mas jornalista, além de não almoçar, é sucinto:agendamos o uso do espaço para quarta. Como fomos convidados a participar de uma coletiva de imprensa neste dia, remarcamos a entrevista (e o uso do auditório) para terça, ao meio dia. Por uma falha de comunicação, o hotel marcou para quinta (no lugar de terça). Claro, que só descobrimos isso na própria terça. Mas, ainda assim, deu tudo certo.

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Com uma dose de paciência dignas de Jó, o hotel manejou pessoal para organizar o auditório. Ficou tudo lindo, com direito a uma bancada para nossa ilustre convidada; as luzes eram suaves e coloriam o ambiente de nude que descansavam a vista. As meninas foram chegando à medida que o relógio se aproximava do meio-dia, horário de início. Câmeras no tripé, caneta e bloquinho à mão, gravador já preparado e todos a postos. Com toda a preparação, nem vimos que o tempo havia passado, já era mais de meio-dia e vinte e…. cadê nossa palestrante? Nossa editora-chefe, Cláudia, desceu para verificar o que estava acontecendo. Subiu, foi para a frente da sala e começou a falar: : “Então…” Bastou. Já sabíamos que ela não poderia vir. Foi uma lição prática da rotina de um correspondente internacional: por causa do evento sobre o Papa, o mesmo que fomos convidados, ela teve uma matéria de última hora e não pôde vir. Lamentamos, depois de tanta ansiedade e preparação, mas c’est la vie (se é que podemos dizer assim na Paris da América do Sul).

Expectativa frustada

Após nosso papo com Sylvia Colombo ir por água a baixo, cada um voltou a sua agenda e, como somos jornalistas que veem o lado otimista das coisas, estávamos agora com mais tempo livre. Então, cada um voltou para a  lapidação de suas matérias. A Fernanda foi a primeira a sair. Foi fazer suas entrevistas e não a vimos por todo o dia. A Teresa também bateu perna por Buenos Aires para pegar suas aspas. Na volta, ela chegou sem saber o que fazer pois um dos entrevistados queria dar  a entrevista a distância: não tínhamos telefone e a internet não pegava. No final das contas, ela conseguiu usar o Skipe num daqueles breves espaços de tempo nos quais a internet dá o ar da graça.

A Deborah foi investigar o caso do Riachuelo – tradicional rio que sofre com a poluição. Ela conseguiu carona da fonte para ir até o rio. Na volta, ele a deixou no ponto de ônibus e ela não tinha moedas ( o ônibus aqui só aceita moedas). Nada de mais, né? O problema é conseguir as tais moedas… tentou uma banca e nada. Ainda bem que os portenhos são super solidários! Um cara que passava, vendo a aflição da menina, se ofereceu para trocar uma nota de dois e, vendo que não era suficiente, doou mais um peso para a pobre (literalmente) jornalista.

Nossa caçula, Barbara, não parou também: depois da entrevista pela manhã com Clóvis Rossi, ela saiu atrás das peculiaridades da presidenta, que ajudam a explicar o panorama político argentino. Foi até o Museu do Bicentenário, ao lado da Casa Rosada; só voltou à noite. A Gabriela foi entrevistar a menina do blog “Buenos Aires para Chicas”, a Isabela Yu e a Julia foram ao Museu para ver as obras de uma artista plástica japonesa. Não há nada melhor para aprender do que compartilhar experiências (e muitas risadas!)

A partir das sete da noite, todos iam chegando e sentando-se na nossa redação improvisada e aconchegante, no restaurante do hotel. Cada nova pessoa que chegava, contava seus progressos e suas aventuras diárias. O clima estava bastante estimulante. O papo fluia e, assim como a reunião do dia seguinte, nem vimos o tempo passar. Quando nos demos conta, havíamos pedido comida e, com todas as pautas resolvidas, a redação tinha virado uma mesa de bar. Quase tiveram que jogar água para sairmos. Apagaram as luzes, fecharam a cozinha, abaixaram a música. Só ai nos mancamos.

Com as diretrizes tomadas, até haveria tempo até para uma saidinha noturna.Mas a maioria preferiu ficar no hotel mesmo, para seguir com o trabalho, ou descansar um pouco. Afinal, amanhã teremos novas aventuras. Fomos convidados para uma coletiva de imprensa do documentário “El papa del fin do mundo”. A curiosidade está a mil – Sem Fronteiras.


 

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