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[:pb]“Eu quero meu pai de volta”, diz filha de desaparecido em submarino argentino há oito meses[:]

[:pb]Familiares pressionam governo por contratação de empresa para continuar buscas por embarcação

MÁRCIO ADALTO E PAOLA MICHELETTI

DE BUENOS AIRES

“Eu quero meu pai de volta”, diz Clara Polo, 10, que acampa com a família em frente à Casa Rosa para pressionar por buscas por submarino.

“Estamos aqui para pressioná-los para que continuem procurando nossos filhos, irmãos, pais e esposos”, diz a argentina Gisela Polo, 31, irmã do cabo da Marinha, Alejandro Polo. Ele é um dos 44 integrantes da tripulação do submarino ARA (Armada da República Argentina) San Juan, que se perdeu nas águas do Atlântico, desde 15 de novembro de 2017. Oito meses depois do desaparecimento os familiares continuam sem respostas.

O último contato feito pelos ocupantes da embarcação ocorreu há 430 km da costa, na região da Patagônia Argentina. Investigações detectaram indícios de explosão nas proximidades, mas até o momento nada foi confirmado. “Essa é apenas uma das hipóteses, também pode ter se chocado com uma embarcação de outro país ou até terem sido vítimas de algum ataque militar desses países. Queríamos que continuassem procurando para saber o que realmente aconteceu”, explica Gisela.

Um grupo de cerca de vinte pessoas, a maioria mães, esposas e irmãs dos militares, permanece em um acampamento improvisado junto às grades da Praça de Maio, em frente à Casa Rosa para cobrar celeridade nas investigações. “Vamos ficar aqui até que o governo nos diga qual empresa vai procurar pelo submarino”, afirma a irmã do tripulante desaparecido.

Licitação

Há três meses uma licitação foi aberta para contratar a empresa que ficaria responsável pelas buscas.Oito empresas concorreram. No entanto, o processo foi interrompido por ordem do Escritório Nacional de Contratações, que viu irregularidades no processo. “Já chega de esperar pela licitação, porque ela deveria ser urgente. Por isso, decidimos vir até aqui e até que apresentem uma empresa”, completa Gisela.

No dia 29 de junho, o ministro da defesa, Oscar Aguad, se reuniu com os familiares e prometeu que traria uma resposta definitiva do presidente Mauricio Macri sobre o caso. Até hoje os familiares não foram procurados pelo governo. Assim como as outras mais de 60 crianças deixadas pelos tripulantes, Clara Polo, 10, espera por informações. “Quero saber o que acontece com eles, espero que me digam onde estão e que os encontrem. Quero meu pai de volta”, conta.

Gisela Polo, irmão de cabo da marinha desaparecido cobra respostas do governo argentino.

Governo declarou morte dos ocupantes

Em dezembro de 2017, vinte dias após o desaparecimento do submarino San Juan, o ministro de Defesa da Argentina, Oscar Aguad, encerrou a operação de resgate com a justificativa de que não existiriam mais chances de vida. Desde então, o objetivo é encontrar a embarcação.

O porta-voz Capitão Balbi, da Armada argentina, declarou que “no momento, a Armada e familiares advogados seguem trabalhando na redação dos termos e dados técnicos da nova licitação.” Ainda de acordo com o capitão, “não há previsão de data para abertura do novo processo e o antigo foi totalmente anulado.”

Missão do ARA San Juan

O submarino tinha como missão realizar o controle sobre os navios de pesca atracados na Zona Econômica Exclusiva da Argentina. Como operação secundária, a embarcação teria que observar e registrar os movimentos dos navios e aviões britânicos, nas Malvinas.

Foto oficial da tripulação no início da viagem

A última tarefa da equipe foi realizada no dia 8 de novembro de 2017, uma semana antes do desaparecimento da embarcação. O Comando da Frota Submarina, chefiado pelo Capitão Claudio Javier Villamide, informou à ARA San Juan – por meio de uma mensagem naval “secreta” – a posição de vários navios logísticos e dos navios militares da Marinha britânica que operavam na Zona das Malvinas, como o HMS e CLYDE. A ordem recebida pela equipe de inteligência de Castillo era para identificar e fotografar os navios ingleses.

Depois dos resultados bem sucedidos das tarefas realizadas com parte da frota marítima, a tripulação, sob o comando do capitão Pedro Martín Fernández, partiu para a região da Patagônia Argentina, região em que realizou o último contato com a Marinha argentina.

MÁRCIO ADALTO E PAOLA MICHELETTI são jornalistas e participam do “Jornalismo sem Fronteiras”, que leva jornalistas e estudantes de comunicação a Buenos Aires para um mergulho de 10 dias no trabalho de correspondente internacional.[:]

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