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Villa 31: a cidade partida de Zuenir no coração da capital Argentina

 ISABELA GIANTOMASO, DE BUENOS AIRES

 

Na sexta-feira (7) postei na minha conta do Twitter que participar da reunião de capa do La Nación* foi uma das experiências mais gratificantes e inesperadas da viagem. O aprendizado, a observação… Todos os momentos acrescentaram algo. No entanto, não estava esperando pelo dia seguinte: a visita a Villa 31, a favela mais popular de Buenos Aires.

No início, a intenção era de apenas acompanhar os amigos de curso na experiência, mas ao pesquisar pela comunidade me deparei com o fenômeno da urbanização, algo que me surpreende sempre no Rio de Janeiro. Sem revelar a pauta que está em produção, posso dizer por enquanto que depois de quase 90 anos de história a Villa 31 está passando por mudanças importantes, mas que contém nos bastidores um antigo interesse das classes mais ricas.

Tomados pelo nervosismo de alguns companheiros de curso, os primeiros momentos na Villa 31 foram de tensão, não há como negar. Moradores olhando para nós como se fossemos de outro planeta. Ruas cheias de barro que formavam um labirinto desconhecido. Para a surpresa de muitos, meu maior medo dentro da favela argentina foi ao subir e descer as escadas de uma das habitações.

Com degraus menores que meu tênis tamanho 34, os cabos de energia soltos colados no corrimão criavam histórias de terror a cada passo. Um movimento estranho e cairia do segundo andar, direto no chão que mistura concreto com lama, pedras e um esgoto a céu aberto.

Ao chegar no topo do edifício construído de forma irregular, no entanto, os pesadelos acabaram e me veio a cabeça a imagem exata do conceito que acredito que Zuenir Ventura tenta transmitir no livro “Cidade Partida”. Uma comunidade pobre, escondida atrás dos principais terminais de transporte público, sem qualquer estrutura básica de moradia, logo ao lado da elite regada a vinho.

Em quatro anos e meio de matérias e coberturas, sem dúvidas a visita a Villa 31 ficará marcada como uma das mais impactantes. Acredito que para viver em sociedade não basta fazer apenas seu papel no seu bairro, na sua comunidade. Cruzar os muros invisíveis é essencial para a experiência humana e, neste caso, jornalística.

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