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Sob diferentes olhares

Ser jornalista não é uma profissão fácil. Procurar as pautas que se escondem na vida cotidiana, ficar ligado em tudo, pesquisar, buscar as fontes, entrevistar, tirar as fotos, escrever o texto (Ou gravar o áudio, ou fazer o vídeo, ou todos juntos), pensar na melhor forma de juntar as informações e contar uma história. Imagine então fazer tudo isso em um outro país, onde você nunca esteve, a mais de 8.000 Km de distância do lugar onde você vive.

Pois é isso mesmo que teremos que fazer ao longo dos próximos 10 dias em Madri, a capital e cidade mais importante da Espanha. No primeiro instante, já é possível perceber que é algo completamente diferente de tudo o que já encontramos na vida: a língua, os sons, as vistas, os cheiros, até as pedras das calçadas sob nossos pés.

DSC_6122É uma cidade onde foram encontradas provas de existência humana desde a pré-história, onde em 27 antes de cristo já existia uma basílica visigoda no mesmo lugar onde hoje se encontra a Catedral de almudeno, onde nossos passos retraçam os mesmos caminhos que pessoas já cruzam há mais de dois mil anos, e que mostra isso na sua arquitetura que mistura os mais diversos estilos e épocas. Um prédio moderno de vidro e aço que não pode ter mais de 5 anos dá vista para o palácio real que foi construído na primeira metade do século 18 e prédios antigos abrigam algumas das lojas mais modernas.

 

Uma cidade democrática, que abriga diferentes eras, diferentes
culturas, diferentes pessoas. Onde as calçadas são marcadas por dezenas de árvores ao invés de postes, e onde não há um único cabo de fiação à vista.DSC_6265

Mas é claro que Madri não é só isso, e, como forasteiros em primeira viagem, é importante que nos apropriemos da cidade e desses detalhes para conhecermos sobre o que estamos escrevendo, olharmos mais além e percebermos as pautas que nos aguardam nessa cidade, e que não eram visíveis através das pesquisas pelo Google no Brasil. Sendo assim, nesse primeiro dia, saímos pela cidade com a missão de nos apropriarmos dela. Olharmos, ouvirmos, sentirmos, sermos curiosos, nos deslumbrarmos, sermos críticos, encontrar semelhanças e diferenças, conversar com as pessoas e, mais importante, escutá-las – suas histórias, maravilhas e inquietações – sem julgamentos e preconcepções.

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Deveríamos ficar atentos a tudo e mergulhar na cidade, nos desligando da nossa realidade conhecida e saindo da nossa zona de conforto. Temos um olhar novo, fresco, mas sempre jornalístico, e a partir desse olhar, fomos identificando lentamente possíveis pautas a partir de nossas percepções.

Mas as percepções das pessoas são uma coisa engraçada: duas pessoas podem ter uma percepção completamente oposta da mesma situação, ou, apesar de passarem pelos mesmos lugares, podem notar coisas completamente diferentes, dependendo do olhar de cada um, que é construído ao longo de toda a nossa a vida, com todas as nossas vivências e experiências. Quando nos encontramos no final do dia para conversar sobre o que cada um passou e discutir as pautas, pudemos participar de uma troca com um valor inestimável. As percepções de cada um iam se DSC_6327agregando às do outro, sendo debatidas e repassadas, e pudemos expandir nossa própria visão ao pensar em lados que nunca havíamos pensado antes, como a Thaís, a Joelli e a Bárbara, que tomaram consciência dos obstáculos que uma cidade oferece a pessoas com dificuldades de mobilidade, enquanto outros se maravilhavam com todos os equipamentos disponíveis nas ruas para o auxílio a pessoas com deficiência visual.

A partir das diferentes visões e experiências, pudemos ir construindo mais fortemente a nossa base de conhecimento sobre Madri e novas ideias de pautas foram surgindo. E são ainda somente ideias, porque depois desse primeiro contato com a cidade vamos agora começar o trabalho de pesquisa e apuração, para checar se as percepções realmente correspondem à realidade, se nossas pautas se sustentam e, se sim ou não, que caminhos devemos tomar a partir daí para que elas virem realidade ou para procurarmos novas possibilidades. É, a noite vai ser longa.DSC_6251

O apoio do grupo também é importante nessa parte, e será durante toda a viagem. Além de termos percepções diferentes, também temos cada um de nós nossos pontos fortes e fracos e diferentes experiências que poderemos usar e compartilhar (e abusar, só um pouquinho) ao longo desses dias de experiência real como correspondentes internacionais.

Quem sabe que descobertas iramos fazer amanhã?

Até lá!

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