skip to Main Content

Como fotojornalistas podem se proteger em ambientes de risco

Onde quer que trabalhem, fotojornalistas tendem a se destacar. O equipamento que usam faz com que sejam fáceis de detectar em uma multidão. As imagens que produzem também chamam atenção e, em alguns casos, podem ser um perigo.

Centenas de profissionais da mídia são forçados a fugir de sua pátria para evitar intimidação, tortura ou prisão por governos autoritários ou grupos extremistas locais com intenção de silenciá-los. A natureza visual de seu ofício torna fotógrafos especialmente vulneráveis.

Há cerca de um mês, o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) anunciou que estava “colaborando com um grupo de fotojornalistas, que assumirão a conta do CPJ no Instagram para compartilhar seus trabalhos, muitas vezes de reportagens que os forçaram a fugir”. A série é intitulada de  “Lens in Exile” [lentes em exílio].

O fotógrafo premiado Mohammed Elshamy fez a postagem inaugural com suas fotos documentando o golpe militar do Egito, confrontos violentos nas ruas e tumulto durante os protestos. Ele fugiu do país em 2014 depois que a polícia o prendeu duas vezes e encarcerou seu irmão mais velho, Abdullah, também jornalista. Ele foi libertado do confinamento solitário no final daquele ano.

“Em tempos como esses, o mundo precisa de fotojornalistas que arriscam suas vidas na busca desinteressada da verdade”, escreveu Elshamy, de 23 anos, em uma matéria do jornal New York Timessobre jornalistas ameaçados no Egito. “Nós podemos ser presos, raptados, traumatizados ou até mortos, mas continuamos documentando as tragédias do mundo e documentando a verdade.”

Em 2011, aos 17 anos, Elshamy, tornou-se o mais novo vencedor do Prêmio da Imprensa Egípcia. Ele agora mora em Nova York.

“Lens in Exile” é uma nova iniciativa para o CPJ. “Nós achamos que seria uma ótima maneira de utilizar nossa plataforma do Instagram”, disse Nicole Schilit, coordenadora do programa de assistência jornalística do CPJ. “É ótimo abrir um espaço para esses fotojornalistas fornecerem imagens e contarem suas próprias histórias.”

Schilit, uma ex-editora de fotos da revista Travel and Leisure, supervisiona e edita as postagens do Instagram.

“Esses jornalistas cobrem tudo, desde os conflitos no Oriente Médio a problemas de apropriação de terra na África Oriental, corrupção na Europa Oriental e extremistas no sul da Ásia”, ela escreveu em julho, quando o programa foi anunciado. “O compromisso deles com o jornalismo, apesar de conhecerem os riscos, é emocionante.”

Schilit apontou que para ser bem sucedido, o fotojornalista muitas vezes se coloca no meio da ação. Que estratégias podemos usar para garantir segurança e proteger nossas imagens? Seguem-se as sugestões que a IJNet coletou:

Faça backups periódicos de fotos

  • Faça upload de fotos para o armazenamento em nuvem, como Dropbox ou Google Photos.

  • Baixe fotos para um computador ou outros sistemas de armazenamento. Várias cópias em vários dispositivos são obrigatórios.

  • Carregue imagens sensíveis para a nuvem o mais rápido possível, mesmo da rua.

  • Em situações que podem ser perigosas ou ficar fora do controle, leve a quantidade mínima de equipamento: uma câmera e uma lente.

  • Sempre tenha baterias extras ou carregadores de reserva para dispositivos de telefone celular e câmeras.

Esteja ciente de onde você está.

  • Alguns costumes e leis locais não são acolhedores para os fotógrafos. Você pode irritar os moradores locais que não querem que você esteja lá ou policiais que tentam detê-lo.

  • Se um sinal diz “fotos são proibidas”, preste atenção. Se você infringir uma lei, arrisca ser detido e ter seu equipamento confiscado.

Proteja seu equipamento e você mesmo. Viajar com equipamentos de fotografia faz você um alvo para criminosos. As seguintes dicas de segurança visam reduzir o risco:

  • Evite transportar seu equipamento em bolsa de fotografia ou mochila bem conhecida e marcada. Ladrões aprendem a identificar estes e podem facilmente fazê-lo de alvo. Tente usar uma bolsa normal e não descritiva.

  • Em multidões, procure sempre uma estratégia de saída.

  • Certifique-se de que alguém saiba onde você está e faça um check-in com frequência, especialmente se estiver trabalhando sozinho. Pesquise e conheça o território antes de ir. Isso pode mantê-lo seguro e ajudá-lo a fazer um trabalho melhor.

  • Exibir autoconfiança é uma boa proteção contra aqueles que procuram alvos fáceis.

Guia de Segurança do Jornalista do CPJ fornece informações sobre a cobertura de protestos, tumultos e outros distúrbios civis. Entre os conselhos: “Mantenha a calma se você for preso. Se você falar algo, faça todos os esforços para manter uma atitude profissional, explicando que você é um jornalista que cobre as notícias. Se as autoridades decidirem prosseguir com a prisão, cumpra as ordens e aguarde a oportunidade de argumentar seu caso com calma para uma autoridade supervisora.”

O CPJ também adverte que “cenários civis de cenas como crimes e tumultos podem gerar condições imprevisíveis e perigosas”. Os jornalistas precisam estar atentos às medidas de autoproteção para evitarem de se colocar em risco físico ou legal.”

Outro recurso útil: O código de segurança do International News Safety Institute nos lembra: “Todos os jornalistas têm o direito de exercer sua profissão livre de perseguição e ataques físicos e online.”

Imagem de Mohammed Elshamy por Andrei Pungovschi

Fonte: IJNet

Por: Sherry Ricchiardi

This Post Has 0 Comments

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.

Back To Top