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¡Buenas e me espalho!…

MARTHA VICTORIA, DE BUENOS AIRES

…Como diria Um Certo Capitão Rodrigo.

Logo de cara, desde o avião, Buenos Aires já se mostrou uma cidade increíble. Foi a minha primeira viagem internacional sola, sem família, amigos ou qualquer coisa do tipo e isso gerou um ansiedade que, ainda bem, foi saciada antes mesmo daquela voz, um quanto tanto padrão, avisar, fanhosa, no microfone: “tripulação, pouso autorizado”.

O primeiro dia em Buenos Aires foi um mix de estresse e êxtase. Apesar de ter feito pouca coisa na cidade, devido às burocracias necessárias, desde à alfândega ao check-in do hotel (o que me tomou um baita tempo), foi fácil se situar e desmentir alguns diversos blogs que havia lido.

O que mais me chamou atenção, logo de cara, foi a receptividade das pessoas: a moça que me esperava no aeroporto, o motorista que me levou ao hotel, o lobby boy que me ajudou a carregar as malas, a outra moça no caixa da lanchonete… Cada uma dessas pessoas me fez sentir bem, mesmo estando “sozinha” e em um país estrangeiro.

Passando para o segundo dia, que de fato foi no qual começamos a nos mexer, pude aprender diversas coisas sobre o local.

Pela manhã, tivemos uma reunião em grupo que consistiu em apresentar oficialmente o programa que estamos fazendo, o que deve ser feito nesse programa e dicas/ajudas de como esse programa pode ser melhor aproveitado.
Aquilo que mais me marcou nessa primeira reunião foi uma frase citada pela coordenadora do programa, Cláudia Rossi:

O que você vai perguntar que já não está escrito em todos os lugares?

Em se tratando das fontes e nossa responsabilidade em relação a elas.

Na hora do almoço, graças a uma colega do programa – que está se tornando muy amiga – fomos comer as famosas empanadas, em um lugar pequenininho e apertadinho, porém saboroso e sem aquela cara marcada de “ponto turístico”.

Por la tarde, junto com o grupo, fomos a redação do Clarín, jornal de peso no cenário argentino e hispânico. Dentro do edifício do jornal, o que me chamou atenção foi o tamanho. Em tempos de a chamada “crise”, em nosso país é comum ver as redações e os ambientes dos veículos jornalísticos diminuindo de tamanho, seja ele corpora ou fisicamente falando. E, justamente, esse choque de ver uma redação de grande ambiente, diversos funcionários e um “pró-ativismo de nível 2” foi um tanto quanto espantoso, num sentido positivo.

Como não podíamos tirar foto de grande parte da visita, acabei focando mais em prestar atenção no que estava acontecendo no ambiente e evitei, obrigatoriamente, o vício de apertar o botão da câmera o tempo todo só pela desculpa de “ter o que guardar de lembrança depois”. Diria que as observações serão de maior valia e terão o melhor espaço nas recordações dessa viagem.

Duas dessas observações foram movimentos de duas pessoas distintas dentro do ambiente da redação. E, não que posso considerar um fenômeno algo que aconteceu com duas pessoas, mas me ocorre um título a ambas: “empacados na segunda linha”. O que isso quer dizer? Bem, vi um jornalista que deletava e reescrevia um título, impacientemente, tentando diminuí-lo, sem êxito, a apenas uma linha e não duas, como ocupava naquele momento. A questão é que demos toda a volta pela redação e ele continuava lá, no mesmo título, em um processo quase industrial de “deletar e reescrever”. O outro jornalista, em compensação, estava com uma página de Word aberta e duas linhas escritas nela. E diferentemente da perceptível impaciência de seu colega de trabalho, ele parecia calmo, ou atônito ou, simplesmente, desacreditado. Não era possível julgar. De qualquer forma, ele permaneceu ali olhando aquelas duas linhas, encostado em sua cadeira, com a mão apoiada no queixo com um ar de pensativo e com cara de quem ia desistir nos próximos segundos, caso não houvesse uma intervenção divina que o salvasse.

Após a redação principal, fomos ao Olé, a parte do Clarín dedicada ao Esporte e que, pessoalmente, teve uma importância a mais para mim. Na faculdade, estou fazendo meu TCC voltado a área esportiva e pude conversar com um jornalista que me deu dicas e me ajudou com o projeto que tenho desenvolvido. Além da simpatia e disponibilidade, fiquei lisonjeada com a atenção que ele não precisava disponibilizar para mim e mesmo assim o fez.

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Por último, conversamos com o periodista Juan Marcos que focou no tema “Jornalismo Mobile” e apresentou não só novidades, mas receios, experimentos e projeções desse método do fazer jornalístico que tem ganhado uma proporção enorme.

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Para mim, das diversas coisas que ele disse, a que mais deu um baque foi uma pergunta retórica:

“Cual és la estrategia para web?”

E eu, apaixonada por jornalismo nas mídias sociais, senti um incômodo com essa indagação. Ainda não encontrei a resposta para essa pergunta, mas seguirei meditando e quem sabe não tenho um insight mais que inovador para o jornalismo digital?! Não custa sonhar alto.

Depois disso, ficamos meio “livres” para poder correr atrás de nossas pautas e “tocar a nossa vida”. E a primeira coisa que eu fiz foi correr para um casa de câmbio que, no dia anterior, não tive tempo de passar e trocar meu dinheiro. O cambista da agência era um brasileiro que está em Buenos Aires a seis anos e naquele “meio papo” básico de escritório, contei para ele o que raios eu estava fazendo na Argentina. E eis que ele responde, com o maior sorriso no rosto, que tem dois amigos jornalistas, correspondentes, na cidade e que ia me passar os contatos.  E ainda, para completar, contou sobre uma escola de jornalismo esportivo pertíssimo do Hotel onde estou hospedada e que cairia perfeita em uma das minhas pautas.

Partindo daí, com um por de sol motivador e uma lua maravilhosa, corri ainda mais: uma caminhada de, praticamente, 50 minutos até o cinema blockbuster mais próximo, a fim de já começar a coletar dados de outra matéria.

Para finalizar o dia, resolvi voltar de metrô e, claro, apesar de ter me programado, como uma boa garota da geração Y, fiquei refém da tecnologia. E, no meio do caminho, perdi a conexão com a internet e acabei confundindo meu ponto de decida. Porém, como diz o ditado:

Há males que vem para o bem

E acabei saindo em frente ao Teatro Cólon, o que foi uma experiência absurdamente indescritível. Subir as escadas do metrô e acabar dando de cara com um patrimônio super iluminado – em todos os sentidos – foi o combustível que eu precisava para terminar meu percurso de volta ao hotel.

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